quarta-feira, 25 de março de 2015
Conclusões sobre a educação no país
A educação definitivamente não é prioridade em nosso país e isso não é de hoje. Após pesquisas exaustivas sobre o tema apuramos que desde a época do Brasil Império, os problemas já existiam. O professor apesar de sempre ganhar pouco, e ser responsabilizado pelos males da educação participavam ativamente do
processo de difusão da instrução pública ao longo do Império, por isso foram
alvo de muitas críticas e, muitas vezes, responsabilizados pelo estado caótico da educação, mas apesar do baixo salário, na época do Império, pelo menos tinham algum prestígio, o que não acontece nos dias de hoje.Apesar de garantir acesso a instrução primária a todos os súditos do imperador a falta de recursos para fazer funcionar o item 32, do artigo 179 da Constituição, foi estabelecida uma lei dando ampla liberdade ao estabelecimento de novas instituições de ensino.Isso nos lembra alguma coisa? Na primeira república não foi diferente, apesar de exigir que o cidadão fosse alfabetizado pra gozar do privilégio de votar, nada foi feito de concreto para melhorar o nível de escolarização do brasileiro.Na constituição de 1934 que garantia o direito da educação a todos , percebemos mais uma vez o engodo, pois não havia estrutura nem investimento suficiente pra que isso acontecesse.Na constituição de 1937 por sua vez lemos:
"Art. 130. O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião da matricula, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar". Ou seja mais uma vez percebemos o governo tirando o seu corpo fora e assim passamos pelas constituições de 1961, 1971 e chegamos a moderna constituição de 1988 que abriu espaço para a criação da LDBEN de 1996, que universalizou o ensino fundamental, Tornou a educação infantil o primeiro nível da educação básica, aumentou consideravelmente os recursos para a educação básica através do FUNDEB, um fundo criado especificamente para acabar com as disparidades inclusive com relação aos salários dos professores de todas as regiões brasileiras, e a pesar de todos esses avanços, no balanço geral o que percebemos? Que a educação continua mal das pernas. Os recursos não chegam aonde deveriam chegar, há muitos intermediários e o dinheiro vai ficando pelo caminho, mas mesmo assim temos esperança, não seríamos professoras e futuras pedagogas se em nosso coração a esperança de que tudo vai melhorar, e de que seremos os agentes dessa mudança não existisse. Ansiamos pelo dia em que realmente toda a população terá o direito ao acesso e a permanência nas escolas, pelo dia em que não mais haverá diferença entre o ensino público e privado, onde nossas crianças da periferia terão direito a uma educação de qualidade e não apenas de quantidade, e registramos aqui essa esperança, esse amor pela educação, porque cremos absolutamente que apenas através da educação as transformações necessárias ao nosso país acontecerão.
"Art. 130. O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião da matricula, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar". Ou seja mais uma vez percebemos o governo tirando o seu corpo fora e assim passamos pelas constituições de 1961, 1971 e chegamos a moderna constituição de 1988 que abriu espaço para a criação da LDBEN de 1996, que universalizou o ensino fundamental, Tornou a educação infantil o primeiro nível da educação básica, aumentou consideravelmente os recursos para a educação básica através do FUNDEB, um fundo criado especificamente para acabar com as disparidades inclusive com relação aos salários dos professores de todas as regiões brasileiras, e a pesar de todos esses avanços, no balanço geral o que percebemos? Que a educação continua mal das pernas. Os recursos não chegam aonde deveriam chegar, há muitos intermediários e o dinheiro vai ficando pelo caminho, mas mesmo assim temos esperança, não seríamos professoras e futuras pedagogas se em nosso coração a esperança de que tudo vai melhorar, e de que seremos os agentes dessa mudança não existisse. Ansiamos pelo dia em que realmente toda a população terá o direito ao acesso e a permanência nas escolas, pelo dia em que não mais haverá diferença entre o ensino público e privado, onde nossas crianças da periferia terão direito a uma educação de qualidade e não apenas de quantidade, e registramos aqui essa esperança, esse amor pela educação, porque cremos absolutamente que apenas através da educação as transformações necessárias ao nosso país acontecerão.
MEC bloqueia um terço da verba das federais; universidades atrasam bolsas
Estudantes reclamam de atrasos em bolsas de assistência à permanência; instituições apertam os cintos e fazem dívidas
As aulas de muitas universidades federais ainda não voltaram, mas alunos e professores já sentem os reflexos do corte de verbas anunciado pelo governo federal no início de janeiro. O Ministério da Educação bloqueou um terço do repasse para as federais em janeiro. Bolsas atrasadas, corte de verbas de viagens para congresso e redução nos gastos com luz, água e papel são alguns dos reflexos.
Na Federal de Campina Grande (PB), 1.900 estudantes que recebem benefícios como bolsa de monitoria, de assistência estudantil, auxílio-moradia e auxílio-transporte só receberam no dia 10 de fevereiro os valores referentes a dezembro e ainda aguardam a parte de janeiro.Na Universidade Federal de Alagoas, cerca de 1.300 alunos que recebem bolsas de permanência estudantil tiveram atraso de mais de 15 dias nos pagamentos de janeiro e de fevereiro. "Os atrasos são abusivos. Tem aluno que fica o mês inteiro sem receber, daí usa o cheque-especial e quando recebe a bolsa acaba usando tudo para pagar a dívida", conta Poliana Belo, estudante de Ciência da Computação da Ufal.
Além da redução no repasse de janeiro, a Federal afirma não ter recebido do governo federal toda a verba prevista no ano anterior.
"No ano de 2014, não foi repassado pelo MEC todo o orçamento previsto. Então, estamos utilizado o orçamento de 2015 para cumprimos com os compromissos de 2014, inclusive das bolsas", explicou o vice-reitor da UFCG, Vicemário Simões. Segundo ele, a instituição está com as contas de água e de luz atrasadas.
Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os recursos disponíveis para viagens e para a verba de cultura foram cortados por conta da redução nos repasses. A área de assistência estudantil da universidade publicou uma moção de repúdio à redução nas verbas.
Em nota, a reitoria da instituição paulista afirma que "não há cortes, mas sim a suspensão do lançamento de novos editais de transporte e projetos de cultura dos alunos até que a LOA [lei orçamentária] seja aprovada. A universidade só falará em corte efetivo se houver cortes na LOA"."Tememos que tais cortes afetem, ainda mais, o cumprimento deste compromisso, haja vista que a PRAE já suspendeu editais de transporte e cultura para o 1º semestre de 2015, priorizando o subsídio aos restaurantes universitários e atendimento dos estudantes com vulnerabilidade socioeconômica através do Programa de Apoio para Estudantes", diz o texto.
A Unifesp está tentando "garantir o menor impacto possível sobre as atividades acadêmicas, embora algum impacto seja inevitável nas atuais condições", aponta o texto.
O mesmo se repete na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). "A reitoria já avisou que temporariamente fará cortes em dinheiro para congressos e cortar um pouco do repasse de todos os setores da universidade", conta Hudson Roger, do Diretório Central de Estudantes.
Por trás dos atrasos e cortes, está a redução nos repasses feitos pelo Ministério da Educação, que bloqueou um terço da verba de janeiro das federais. A medida foi tomada provisoriamente enquanto a Lei Orçamentária da União não é aprovada pelo Congresso.
Em circular interna enviada aos reitores das federais na última sexta-feira (20) a que o iGteve acesso, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior indica sua preocupação que o corte nos gastos públicos afete o ensino e a pesquisa nas federais e seus reflexos na educação do País.
"A Andifes tem buscado, incansavelmente, junto ao Governo Federal uma solução para amenizar o impacto do desequilíbrio nas contas das universidades. Em todas as oportunidades de diálogo com o Poder Executivo, o conjunto de reitores tem reforçado a importância da missão das universidades federais para o desenvolvimento econômico e social do país e para as políticas educacionais implementadas nos últimos anos pelo governo, e sobretudo para o cumprimento das metas e do cronograma do Plano Nacional de Educação", afirma o texto assinado pelo presidente da associação, Targino de Araújo, reitor da UFSCar.
Reitores cortam diárias e fazem meta de redução de luz, água e papel
A redução na verba das federais acontece após um momento de grande expansão da rede. Em 2002, havia 73 instituições de ensino superior federais, que eram responsáveis por 531.624 alunos matriculados. Em 2013, o número de instituições chegou a 106 e o total de alunos alcançou o número de 1.137.851.
Em alguns casos, a evolução das verbas das federais não foi o bastante para pagar o aumento de contas. Sem receber repasses extraordinários do MEC, a Universidade de Brasília fechou 2014 com um rombo de R$ 60 milhões em seu orçamento.
Diante da redução de repasse, os reitores das instituições de ensino superior tentam cortar gastos mantendo necessidades essenciais. O reitor da Ufal, por exemplo, diz que pediu à comunidade que gastos com diárias e eventos sejam cortados e seja reduzido o consumo de energia dos campi. Em nota, o reitor afirma que manterá as obras nos três campi para oferecer uma estrutura melhor para os alunos. Entre elas a construção do prédio para o curso de medicina, em Arapiraca.
No Instituto Federal do Sul de Minas, a ordem é reduzir o consumo de papel, água e energia em 30%. Além disso, houve uma queda sensível nos investimentos da unidade.
“Reduziram o orçamento da educação num momento em que as universidades terminaram o ano já com problemas e iniciam 2015 não dando conta de pagar empresas terceirizadas, inclusive atrasando bolsas estudantis”, destaca Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN (sindicatos de professores das federias). “Os cortes começam a prejudicar academicamente as universidades.”
Sem aprovação do Orçamento, MEC repassa sobras de 2014
De acordo com o Ministério da Educação, as universidades federais receberam em 2014 o total de R$ 8,6 bilhões em custeio e investimento. O MEC afirmou que está fazendo o levantamento por instituição de verbas que possam não ter sido executadas para que seja feito o repasse. O orçamento previsto para 2015 na lei orçamentária é de R$ 9,5 bilhões.
Em relação às bolsas, o ministério afirma que o bloqueio de repasse não afeta a verba de bolsas de estudo.
domingo, 22 de março de 2015
Greve de professores em São Paulo revela descaso do Governo.
Por Sérgio Lima Saraiva
Neste momento os professores paulistas estão em greve.
Entenda, os professores da rede pública de ensino, os professores dos pobres.
Achei importante avisar, pois há uma semana com essa greve e é como se ela não existisse para os meios de comunicação. A exceção foi a Folha que trouxe um editorial colocando que o problema da educação paulista são os professores. Irresponsáveis e relapsos tais professores. Até aqui nenhuma novidade, típica e alinhada visão de um jornal conservador a um governo igualmente conservador.Os pobres são responsáveis pela pobreza, os doentes pela doença, os desvalidos pela própria existência. No mais é silêncio.
Os professores são os mais novos integrantes da classe dos não-pessoas, existem, mas não são notados.
Neste instante o governador, via decreto, está implementando a "mais-valia" nas relações entre o estado e os professores não concursados.
Neste instante o governador, via decreto, está implementando a "mais-valia" nas relações entre o estado e os professores não concursados.
Alguns desses professores (professoras na sua maioria) estão a mais de 20 anos prestando serviços em caráter temporário. Perceba, o contra-senso da frase acima. Nesse tempo, nada ou quase nada foi investido no seu desenvolvimento profissional.
Pois bem, agora correm o risco de serem descartados como laranjas chupadas para serem substituídas por sangue fresco.
Sangue esse que será sugado até o momento de novo descarte.
A isso chama-se exploração. A isso o governo está chamando de melhoria no ensino.
Há nitidamente uma visão utilitarista da educação, típica de economistas quando administram a área. Nessa visão, a meta da educação é treinar para o mercado de trabalho.As avaliações iniciadas no período Paulo Renato (um economista) se inserem nessa linha de educação-função de mercado. A linha tradicional do que já foi um bom sistema de educação pública (do Estado de São Paulo) era muito mais ampla, a educação vista como preparação não só para o mercado de trabalho mas também para a cidadania, a educação vista como a tarefa mais alta do Estado.
No rastro dessa visão economicista destruiu-se um sistema bastante bom, bem lembrado por aqueles hoje com 60 anos que cursaram bons cursos primários e excelentes Ginásios do Estado, melhores que a maioria das escolas privadas da época. Esse nível de excelência era assegurado por disciplina, prestígio dado aos professores, boa gestão do sistema. Os salários eram melhores do que hoje mas nunca foram excepcionais. Os Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, que mantiveram uma estrutura mais tradicional, gerida por educadores, conseguiram níveis muito melhores do que SP no ultimo ENEM.
Realmente, a sucessão de maus administradores na educação paulista parece ter sido a causa principal do que hoje se vê.
fonte: blog do Nassifsábado, 21 de março de 2015
LIXO NA RUA INCOMODA MAIS DO QUE CRIANÇA FORA DA ESCOLA
Garis aceitam proposta do MPT e greve pode acabar nesta sexta-feira
Comissão aceitou proposta de aumento de 8 % no salário da categoria, e de R$ 20 para R$ 23 no vale alimentação
FELIPE CARVALHO E LEANDRO RESENDE
Rio - Um possível desfecho para greve dos garis pode acontecer na tarde desta sexta-feira: a comissão de negociação dos trabalhadores aceitou proposta feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta manhã e aguarda decisão da prefeitura para encerrar a paralisação. Os trabalhadores já estão há uma semana de braços cruzados.
O órgão propôs aumento de 8 % no salário da categoria, aumento de R$ 20 para R$ 23 no vale alimentação. Além disso, a proposta do MPT não prevê desconto pelos dias não trabalhados e há a promessa de "não perseguição" aos grevistas.
Os garis estão agora no Tribunal Regional do Trabalho, onde uma reunião entre as partes pode sacramentar o acordo nas próximas horas. "Estamos dispostos a retornar imediatamente ao trabalho se este acordo for fechado. A bola está com o prefeito Eduardo Paes", disse Bruno da Rosa, um dos líderes da greve.
"Se não descontar os dias dos trabalhadores que aderiram à paralisação, vamos dar fim a greve. Tem hora que que tem recuar. Isso não significa que perdemos a batalha", disse o presidente do sindicato dos empregados de empresas de asseio e conservação do município do Rio de Janeiro, Luciano David de Araújo. Segundo ele, 80% dos 13.500 garis aderiram à greve, mas desde sexta-feira 75% deles retornaram aos postos de trabalho, cumprindo determinação da Justiça.
O gari Célio Viana — representante da comissão salarial formada por 15 profissionais da ala dissidente do sindicato — quer garantias de que os garis não serão demitidos. "Nós cedemos, a Comlurb também tem que ceder. Se não tiver o aumento do vale-refeição, vamos fazer uma nova assembleia para decidir se continuaremos em greve", disse.
Por que os jovens não querem ser professores?
Pesquisa mostra que apenas 2% dos jovens querem ser professores
Falta de qualificação dos novos docentes também preocupa pesquisadores
POR MARCELLE RIBEIRO
SÃO PAULO - A falta de professores qualificados ainda preocupa no Brasil, e a desvalorização da carreira faz com que muitos jovens prefiram outras profissões. Cerca de 600 mil professores que atuam na educação básica — que inclui a educação infantil e os ensinos fundamental e médio — não têm o preparo necessário à função, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). E apenas 2% dos jovens querem cursar Pedagogia ou alguma licenciatura, segundo pesquisa da Fundação Carlos Chagas.
Pela legislação atual, os professores da educação básica têm que ter nível superior. Porém, cerca de 600 mil dos quase dois milhões de docentes do país não possuem curso universitário, segundo o MEC. De acordo com o secretário de Ensino Superior do ministério, Luiz Cláudio Costa, cerca de 300 mil estão fazendo licenciaturas ou mestrado para se adequar à exigência.
Na avaliação de especialistas, há carência de professores qualificados em diversas áreas, como nos primeiros anos da educação infantil e nas disciplinas de Física e Química.
— Nas Ciências Biológicas, faltam professores praticamente em todos os setores. As redes procuram cobrir isso usando profissionais que, na sua formação, tangenciam as disciplinas (em que há falta de professores) — diz a pesquisadora Bernadete Gatti, colaboradora da Fundação Carlos Chagas.
Como outros especialistas, Bernadete se preocupa com a queda no número de alunos de licenciatura ou Pedagogia. Segundo o MEC, esse número vem diminuindo na modalidade presencial, por causa da falta de interesse dos jovens. Em 2005, 1,2 milhão de alunos estudava alguma licenciatura, número que, em 2009, passou para 978 mil. No mesmo período, o número de alunos de Pedagogia caiu de 288 mil para 247 mil.
No entanto, houve expansão das graduações à distância, para atender à necessidade de professores que já estão no mercado de trabalho. De 2005 para 2009, o número de estudantes das licenciaturas subiu de 101 mil para 427 mil. Nos cursos de Pedagogia, o número pulou de 27 mil para 265 mil, no mesmo período.
— Nem todos os cursos à distância são ruins. Mas eles não são supervisionados direito, não têm uma proposta clara. Muitos alunos desistem porque não têm com quem discutir — diz a superintendente de pesquisa em Educação da Fundação Carlos Chagas, Elba Siqueira Barretto.
MEC rebate e diz que tem fechado cursos de má qualidade.
A evasão dos cursos de Pedagogia e licenciatura também preocupa educadores.
— Nas universidades privadas, os cursos de licenciatura e a Pedagogia são os que têm as taxas mais elevadas de evasão, de 50 a 55% — afirma Maria Helena Guimarães Castro, ex-presidente do Inep, órgão responsável pelas estatísticas do MEC.
"Quero lutar pela educação", diz estudante
Pesquisa realizada em 2010 pelas fundações Carlos Chagas e Victor Civita mostrou que, dos 1.500 alunos ouvidos, apenas 2% dos jovens do terceiro ano do ensino médio pretendiam cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura.
— A carreira é um horror. Apesar de os planos de carreira terem melhorado, e de existir um piso salarial nacional eles deixam a desejar. A média salarial está baixa em relação às exigências. Outra coisa que afeta a escolha é a condição das escolas públicas, que são precárias, sem infraestrutura e gestão — diz Bernadete.
Mesmo sabendo desses problemas, o estudante de Pedagogia Cesar Scarpelli, de 24 anos, quer dar aulas para crianças:
— Quero lutar pela educação. Meus pais sempre falam: "não vá trabalhar na rede pública", por causa da ideia de que é uma profissão sofrível. Mas acho que temos que ir para a periferia.
Rivaldo Vieira Xavier Júnior, de 21 anos, estuda licenciatura em Física e sabe bem o que é sofrer com a falta de professores:
— Estudei em escola pública e fiquei sem aulas de Química por quase todo o segundo ano do ensino médio. Tenho interesse em educação devido à realidade da escola onde estudei. Ser professor no Brasil é ato de coragem.
Já a estudante de Pedagogia Maria Alice Bertodini diz que é preciso ser sonhador para abraçar a profissão:
quinta-feira, 19 de março de 2015
O Apagão na Educação
"A Educação é
arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações." (Kant)
O professor é um profissional teórico-prático que
na constituição do conhecimento em sala de aula se revela como um ser humano
histórico. O mestre no contexto escolar está situado entre o aluno como ser
histórico individual e a cultura herdada. Estabelecer esta intercessão é o
enfrentamento essencial da arte educação, pois o professor não pode transmitir
conteúdos porque só se transmite o que é físico. Lembramos que conhecimentos
não são físicos.
No entanto, esse profissional, que dia a dia
enfrenta o rebaixamento salarial, a precariedade do trabalho, a violência nas
escolas, a superlotação nas salas, a carência de condições adequadas para a sua
atuação, sente-se desestimulado e nota que são esses os aspectos determinantes
para as principais causas do baixo interesse dos jovens (futuros professores)
pela profissão.
Atualmente, por conta dos motivos elencados acima, há deficiência de professores no ensino médio público, principalmente no Nordeste, porém poderá se expandir nos próximos anos em todo o país se não forem adotadas ações emergenciais para incentivar o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de ciências exatas.
Atualmente, por conta dos motivos elencados acima, há deficiência de professores no ensino médio público, principalmente no Nordeste, porém poderá se expandir nos próximos anos em todo o país se não forem adotadas ações emergenciais para incentivar o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de ciências exatas.
A realidade significa que com embasamento nesse
fato, há o sucateamento da Educação no País e se reflete diretamente no
contexto social. Existe possibilidade de medidas para priorizar a Educação, com
garantia de ampliação das verbas para o setor da educação. Somente com
investimento e atuação consciente dos governantes e de políticas públicas
satisfatórias se mudarão os rumos da educação no país.
Com o advento do FUNDEB, pelo menos 60% dos
recursos deverão ser aplicados na remuneração dos profissionais da educação e
isso é bom. Pois, o financiamento insuficiente tem um reflexo direto na questão
da qualidade da educação.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), apresentado, em Paris, durante as comemorações do Dia Internacional do Professor, realizado em 38 países, entre eles, o Brasil, revelou que um número cada vez menor de jovens está disposto a seguir a carreira do magistério. E uma das principais causas, senão a mais importante foi o baixo salário pago. Mais uma vez o Brasil é um dos países que menos paga aos seus professores. É urgente a resolução da questão salarial através de um piso nacional digno e de instrumentos adequados que possam promover o desempenho do professor, caso contrário, será difícil vencer o desafio da qualidade e, por conseguinte, dos demais fatores que influenciam a motivação do aluno.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), apresentado, em Paris, durante as comemorações do Dia Internacional do Professor, realizado em 38 países, entre eles, o Brasil, revelou que um número cada vez menor de jovens está disposto a seguir a carreira do magistério. E uma das principais causas, senão a mais importante foi o baixo salário pago. Mais uma vez o Brasil é um dos países que menos paga aos seus professores. É urgente a resolução da questão salarial através de um piso nacional digno e de instrumentos adequados que possam promover o desempenho do professor, caso contrário, será difícil vencer o desafio da qualidade e, por conseguinte, dos demais fatores que influenciam a motivação do aluno.
De acordo com o CNTE (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação), o Brasil poderá ficar sem professores de ensino
médio na rede pública ainda nessa década. Os salários dos professores no
Brasil, em qualquer etapa da educação básica, são muito mais baixos do que em
outros países, inclusive Argentina, Chile e México, e não se pode enfrentar a
atual carência docente sem um estímulo financeiro profissional que leve os
jovens a buscar os cursos de licenciatura em nossas instituições. Enquanto na
Alemanha, o país mais bem classificado, um professor em início de carreira
ganha US$ 35,5 mil ao ano, no Brasil, a expectativa de remuneração de um
iniciante situa-se na faixa de US$ 12,5 mil.
O estudo destaca o baixo investimento em educação,
o salário baixo, a violência nas escolas e a falta de perspectiva profissional.
O risco do agravamento da falta de docentes é tão sério que o problema se
tornou prioridade do governo federal. No entanto, as medidas emergenciais devem
não só contemplar a formação inicial e continuada de professores, mas
associá-las às ações e políticas de valorização do docente. Isso passa por
salário, mas não se reduz somente a esta questão, pois deve incluir, além da
definição de um plano de carreira digno, a melhoria das condições de trabalho,
de modo que o professor possa focar a sua jornada docente em um único
estabelecimento de ensino e tenha tempo para estudar e pesquisar. E o bom
professor possui auto-estima elevada, pois acredita na própria capacidade, no
valor e na importância como educador e está consciente de que pode fazer a
diferença.
Ref: Relatório sobre Professores Atuando em
Disciplinas Específicas e a Adequação de sua Formação Inicial para o exercício
do Magistério, INEP/MEC, Brasília (DF) 2006.
Amélia Hamze
Diretora aposentada
Profª UNIFEB/CETEC/ISEB
Barretos
Diretora aposentada
Profª UNIFEB/CETEC/ISEB
Barretos
"Brasil sem Educação" o rap
O rap "Brasil sem Educação"de Mano Ed , Aliado G, mostra a verdade nua e crua da realidade das classes populares, pobres, onde a educação significa mais que a cidadania, significa a própria sobrevivência. É um alerta, uma forma de reivindicar os direitos, e crítica ao governo pelas desigualdades sociais. Mostra as mazelas da sociedade.
Brasil sem Educação
- Autor: Mano Ed , Aliado G
- Álbum: O Crime do Raciocínio
- Estilo: Rap / Hip-Hop
- Gravadora: Face da Morte Produções
- Selo: Sky Blue
- Ano: 1999
Aí Ministro da Educação;
O futuro da nação vai á escola só pela refeição;
Que ás vezes não tem o suficiente pra repetir o prato;
Que ás vezes não tem um arroz com feijão pra comer no barraco;
Aí bate o sinal da merenda;
Aquele moleque com fome agradece ao Estado, nem ta ligado;
Sonegação no imposto de renda;
Aí eu pergunto quem defenderá essas crianças esperanças;
Que não foi á escola por causa do frio ou da chuva;
Que não tem caderno, lápis, sapato nem blusa;
Dificilmente você entende o nosso lado;
O lado forte, o lado pobre, ao mesmo tempo fraco;
Seu filho agasalhado, bem nutrido;
Com chofer até a porta do colégio particular;
Será que você consegue avaliar a situação dessa criança;
Carente, faminta, machucada por dentro;
Fora desiludida e ás vezes até sem família;
E não são poucas as crianças marginalizadas;
E o pior usadas para manter seu conforto;
Luxo, esbanjamento, eu não agüento;
As crianças os seus direitos são privados;
Por vocês seus burocratas;
Aí ministro, Brasil ta sem educação ano 2000, que nada;
É hora da virada.
(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso.
Filhos de ricos, têm professores particulares;
Laboratório de línguas, aulas de arte;
Natação, ginástica e outros mais;
Aquela porra torna recursos áudios-visuais;
Freqüentam essas escolas modelos;
E o pobre três dias na fila não acha vaga pro seu filho;
Que desespero;
O moleque pobre de baixa renda;
Não tem professor, incentivo, merenda;
Que dó, é preciso investir melhor;
O recurso do imposto de renda entenda;
Que não tem dinheiro não tem ensino digno então;
E você ainda diz que investe muito na educação;
Que sonega a educação nega o direito de viver;
Pode crer que eu não sou bobo;
Cadê as faculdades para o povo;
Onde estão as promessas mostradas pela Globo;
Faculdade pública devia ser pública;
Na verdade é freqüentada por playboys sem necessidade;
A vantagem é que vem de escola particular;
Com dinheiro pra pagar curso do pré-vestibular;
E morrer de overdose de tanto cheirar;
Pro pobre o estudo é tudo;
Pros ricos desgraçados é um processo sofisticado;
De recursos, frutos da sociedade desigual;
Origem de todo o mal;
Aí Ministro, Brasil ano 2000 puta que o pariu;
Eu não entendo mais nada, é hora da virada.
(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso.
A escola é caduca, mal ensina, deseduca;
Essa é a sina;
Estamos sem beira nem beira;
Á beira do ano 2000;
Profissão de pobre é pegar em fuzil;
9 milímetros, oitão ou então ser lixeiro;
Gari, servente de pedreiro;
Qualquer sem opção da linha de produção;
Quando envelhece estraga, não serve mais pra nada;
Não funciona como antes;
Te mandam pro concerto no posto do INANPS;
Com cento e trinta e seis reais de salário;
Idoso, aposentado, inválido, ferrado;
Mais um desempregado desgraçado como eu;
Negar a educação é continuar com a escravidão;
No Brasil sou mais um que foi oprimido;
Com aquele salário de fome iludido;
Preciso me alimentar pra poder estudar;
Ou será que o Senhor Ministro da Fazenda;
Arriscaria sobreviver um dia á base de merenda;
Na sexta série do primeiro grau só aprendi o básico;
Dos moleques que estudaram comigo poucos estão formados;
A maioria desempregado, outros drogados;
Alguns morreram, e outros angustiados se entregaram pro álcool;
Eu aprendi na faculdade sou formado á base da verdade;
Não inclua o meu diploma que consegui na escola da rua;
Sou rapper de ideologia forte lutando pelo pobre;
Enquanto minha voz não for calada;
Aí Ministro Brasil ano 2000 que nada, é hora da virada.
(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso
http://www.radio.uol.com.br/musica/face-da-morte-flagrante-rc./brasil-sem-educacao/184881?cmpid=clink-rad-ms
terça-feira, 17 de março de 2015
Educação x Escolarização - MÁRIO SERGIO CORTELLA
O filósofo, educador e professor Mário Sérgio Cortella alerta, que as famílias estão confundindo escolarização com educação; para ele, os pais devem retomar o seu papel.
As expectativas das famílias em relação às escolas e o que elas oferecem ou são, de fato, capazes de ofertar está em descompasso. De um lado, há adultos cada vez menos presentes, seja pelo excesso de trabalho, pelos longos deslocamentos nas grandes cidades ou até pela falta de paciência, que esperam que a escola ensine o conteúdo obrigatório e eduque os seus filhos. Do outro, as instituições se desdobram para dar conta de uma infinidade de disciplinas regulares e ainda são cobradas a disciplinar os alunos. Tudo em quatro horas diárias.
Professores estaduais decretam greve em SP
Categoria se reuniu na tarde desta sexta-feira (13) na Av. Paulista.
Eles cobram melhorias nos salários e nas condições de trabalho.
Do G1 São Paulo
Ato dos professores no Masp nesta sexta-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)
Professores estaduais decretaram greve durante protesto na tarde desta sexta-feira (13), na Avenida Paulista. Votada em assembleia no vão livre do Masp, no Centro de São Paulo, a paralisação foi aprovada por tempo indeterminado a partir desta sexta (13).
Na próxima sexta (20), a categoria pretende se reunir novamente. Segundo a Apeoesp, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, cerca de 10 mil educadores participaram do protesto e da votação.
Dentre as reivindicações, eles cobram aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior, rumo ao piso do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística para Estudos Socioeconômicos), com jornada de 20 horas semanais de trabalho.
Procurada pelo G1, a secretaria estadual da Educação diz acreditar que a decisão de um dos sindicatos de professores, a Apeoesp, "não representa os mais de 230 mil professores da rede, que devem comparecer às aulas, de maneira costumeira." E orienta que todos os estudantes da rede estadual compareçam normalmente às escolas na segunda-feira (16).
A secretaria ainda afirma que já orientou as diretorias de ensino a realizar o atendimento dos estudantes e garantir as aulas. E diz que montou, em conjunto com os servidores, um plano de carreira que estabeleceu aumento acumulativo de 45% em quatro anos e alçou o piso salarial paulista a patamar 26% maior do que o nacional.
A secretaria ainda afirma que já orientou as diretorias de ensino a realizar o atendimento dos estudantes e garantir as aulas. E diz que montou, em conjunto com os servidores, um plano de carreira que estabeleceu aumento acumulativo de 45% em quatro anos e alçou o piso salarial paulista a patamar 26% maior do que o nacional.
"Os profissionais da Educação ainda podem conquistar o reajuste salarial anual de 10,5% por meio da valorização pelo mérito. E recebem bônus por resultados obtidos por seus alunos. Se a educação avança, educadores ganham bonificação", diz o a nota.
Também em nota, o governo lamentou a decretação de uma greve na Educação "por um pequeno número de pessoas, nem todas professores, em meio a uma manifestação de cunho partidário e sem que tenha havido qualquer iniciativa de diálogo." Na avaliação da gestão estadual, a paralisação caracteriza o movimento "como essencialmente político-partidário."
Após a votação, os professores seguiram em caminhada pela Rua da Consolação, junto com a CUT e outras entidades, que também se reuniram na Avenida Paulista nesta sexta para protestar em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras e pela reforma política. Ao final da manifestação, por volta das 19h, na Praça da República, a categoria fez um ato em defesa da escola pública.
Após a votação, os professores seguiram em caminhada pela Rua da Consolação, junto com a CUT e outras entidades, que também se reuniram na Avenida Paulista nesta sexta para protestar em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras e pela reforma política. Ao final da manifestação, por volta das 19h, na Praça da República, a categoria fez um ato em defesa da escola pública.
domingo, 15 de março de 2015
Coluna do Servidor
com Alessandra Horto
Professores de universidades federais discutem greve por reajuste
A deflagração ou não de uma greve dependerá da evolução do processo de negociação
ALESSANDRA HORTO
Rio - Os docentes das universidades federais de todo o país podem entrar em greve ainda no primeiro semestre deste ano. Com quadro de contingenciamento anunciado pelo governo e com a demora na aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Congresso, que reflete na redução de repasses mensais, uma possível paralisação da classe será definida no próximo mês. A audiência marcada para esta sexta-feira com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, com os representantes do funcionalismo público federal vai servir para nortear os próximos passos da campanha salarial deste ano.
O presidente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), Paulo Rizzo, declarou que “os cenários vão começar a clarear” a partir da reunião com o ministro para todos os servidores e não apenas para os professores: “No caso específico dos docentes, teremos reuniões com todas as seções sindicais nos dias 28 e 29 deste mês, nas quais o assunto será tratado e creio que entraremos em abril discutindo organizadamente a possibilidade da greve, assunto que já está sendo tratado informalmente nas universidades. A deflagração ou não de uma greve dependerá da evolução do processo de negociação e da disposição dos professores, os quais tendem a se mobilizar motivados por duas questões: salário e condições de trabalho.”
Quanto a questão remuneratória, o Andes-SN pede 27,3% de aumento. Rizzo explicou ainda os motivos que têm levado as universidades a atrasar o pagamento de funcionários terceirizados e também aos problemas de infraestrutura. “O corte neste início de ano foi devido a não aprovação da LOA pelo Congresso, o que deveria ter sido feito até dezembro de 2014, o que não aconteceu até agora, no meio de março”, citou o presidente do sindicato.
Ele acrescentou que as universidades devem obter os recursos orçados para o ano em 12 parcelas iguais equivalentes a 1/12 e estão, desde janeiro, recebendo parcelas de 1/18 do orçado para 2015, o que equivale a 66,7% dos valores que deveriam ser repassados a cada mês.
“Começamos o ano com um corte da ordem de 33,3% nas verbas de custeio, o que compromete qualquer execução orçamentária, levando os gestores (reitores e diretores) a uma situação de administrar a seleção do que não será pago a cada mês, quais pagamentos serão adiados, entre itens como contas de energia, água, telefone e serviços terceirizados de limpeza”, diz.
OBSTÁCULOS
Sobre a possibilidade de o governo não acenar com um reajuste, Rizzo declarou saber que a situação é crítica: “Não se trata apenas do problema relacionado à votação da LOA, mas principalmente porque estamos diante de um ajuste fiscal de grandes proporções e no que diz respeito às negociações salariais a perspectiva é de que deverão ser muito difíceis.”
DISTORÇÕES
A correção de distorções também integra a pauta do Andes-SN. “Dizem respeito às carreiras que, no caso dos docentes, são expressas numa desestruturação que a nossa sofreu em 2012, quando foram retiradas as regras de composição da malha salarial, como os percentuais entre os níveis e a relação remuneratória entre os regimes de trabalho, entre outras”, explica Rizzo.
O presidente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), Paulo Rizzo, declarou que “os cenários vão começar a clarear” a partir da reunião com o ministro para todos os servidores e não apenas para os professores: “No caso específico dos docentes, teremos reuniões com todas as seções sindicais nos dias 28 e 29 deste mês, nas quais o assunto será tratado e creio que entraremos em abril discutindo organizadamente a possibilidade da greve, assunto que já está sendo tratado informalmente nas universidades. A deflagração ou não de uma greve dependerá da evolução do processo de negociação e da disposição dos professores, os quais tendem a se mobilizar motivados por duas questões: salário e condições de trabalho.”
Quanto a questão remuneratória, o Andes-SN pede 27,3% de aumento. Rizzo explicou ainda os motivos que têm levado as universidades a atrasar o pagamento de funcionários terceirizados e também aos problemas de infraestrutura. “O corte neste início de ano foi devido a não aprovação da LOA pelo Congresso, o que deveria ter sido feito até dezembro de 2014, o que não aconteceu até agora, no meio de março”, citou o presidente do sindicato.
Ele acrescentou que as universidades devem obter os recursos orçados para o ano em 12 parcelas iguais equivalentes a 1/12 e estão, desde janeiro, recebendo parcelas de 1/18 do orçado para 2015, o que equivale a 66,7% dos valores que deveriam ser repassados a cada mês.
“Começamos o ano com um corte da ordem de 33,3% nas verbas de custeio, o que compromete qualquer execução orçamentária, levando os gestores (reitores e diretores) a uma situação de administrar a seleção do que não será pago a cada mês, quais pagamentos serão adiados, entre itens como contas de energia, água, telefone e serviços terceirizados de limpeza”, diz.
OBSTÁCULOS
Sobre a possibilidade de o governo não acenar com um reajuste, Rizzo declarou saber que a situação é crítica: “Não se trata apenas do problema relacionado à votação da LOA, mas principalmente porque estamos diante de um ajuste fiscal de grandes proporções e no que diz respeito às negociações salariais a perspectiva é de que deverão ser muito difíceis.”
DISTORÇÕES
A correção de distorções também integra a pauta do Andes-SN. “Dizem respeito às carreiras que, no caso dos docentes, são expressas numa desestruturação que a nossa sofreu em 2012, quando foram retiradas as regras de composição da malha salarial, como os percentuais entre os níveis e a relação remuneratória entre os regimes de trabalho, entre outras”, explica Rizzo.
quarta-feira, 11 de março de 2015
ENSINO PÚBLICO
Vitória de mobilização dos professores do Paraná amplia unidade da categoria
Depois de 29 dias de movimento, professores garantem reversão da dispensa de temporários, posse de concursados e pagamentos de indenizações, entre outras conquistas
por Ricardo Gozzi, para a RBA publicado 09/03/2015 15:20, última modificação 09/03/2015 18:22
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ORLANDO KISSNER/ FOTOS PÚBLICAS
Manifestantes na sede do governo: mobilização histórica em 29 dias de greve faz governo recuar de cortes na educação
Curitiba – Vinte e nove dias separaram o início da paralisação dos professores do ensino público estadual do Paraná e a suspensão da greve, decidida em assembleia na manhã de hoje (9) em Curitiba. Quando a greve foi deflagrada, no início de fevereiro, os professores estaduais e outras categorias do funcionalismo público paranaense viam-se na iminência de perder uma série de direitos e ver confiscado seu fundo de previdência em meio a uma série de medidas adotada pelo governo do tucano Beto Richa, sob o pretexto de que era preciso cortar gastos e aumentar a arrecadação para fazer frente a uma crise financeira no Estado. Crise esta que era desconhecida do público até algumas semanas depois das eleições de outubro do ano passado, quando Richa foi reeleito em primeiro turno com mais de 55% dos votos e um discurso de que o Paraná "estava bem e agora ficaria melhor".
Ao longo das últimas semanas, a APP Sindicato, entidade que representa os professores estaduais paranaenses, conseguiu: reverter a dispensa de milhares de professores temporários que não seriam recontratados este ano; garantir a posse de mais de mil pedagogos concursados que foram convocados e dias depois dispensados pelo governo no ano passado; forçar o governo a pagar as indenizações atrasadas aos professores temporários dispensados no fim de 2014; garantias de que serão depositados no fim de março os terços de férias, que deveriam ter sido pagos em novembro e dezembro do ano passado; e um cronograma de implementação e pagamento das promoções e progressões devidas pelo governo desde o início de 2014. Além disso, a APP Sindicato convenceu o governo a promover uma reorganização escolar que levará à reabertura de turmas e até mesmo de escolas que teriam sido fechadas se a mobilização não tivesse ocorrido.
E estas são apenas as principais vitórias obtidas pelos professores paranaenses nas últimas semanas. Diante de todos esses resultados, "o sentimento da categoria neste momento é de suspensão da greve e manutenção do estado de greve", resumiu o professor Luiz Fernando Rodrigues, secretário de comunicação da APP Sindicato, em entrevista à Rede Brasil Atual.
"Os núcleos entendem que esta é uma greve vitoriosa, que chegamos a um patamar significativo e que podemos sair unificados, com muita disposição de luta, para qualquer eventual retorno (à greve)", explicou a professora Marlei Fernandes, secretária de Finanças da APP.
As conquistas da greve, no entanto, não se limitaram ao ensino. Na primeira semana de paralisação, os professores ocuparam a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e impediram a aprovação de um projeto de lei por meio do qual o fundo de previdência dos servidores públicos – com saldo estimado em R$ 8 bilhões – seria incorporado a um caixa único do governo, sem garantias de que o dinheiro seria usado exclusivamente para pagar aposentados e pensionistas. Diante da reação dos professores, o governo comprometeu-se a submeter a amplo debate qualquer alteração na previdência do Estado e assegurou que nenhum centavo seria usado para outro fim que não o pagamento de aposentados e pensionistas.
Também por causa da mobilização dos professores, a Alep extinguiu na semana passada a "comissão geral", um artifício regimental por meio do qual o governo do Estado impunha o chamado "tratoraço", tendo os projetos de seu interesse aprovados a toque de caixa sem debate com a sociedade. A comissão geral era usada normalmente para aprovar projetos de lei considerados impopulares.
"A comissão geral ainda existiria se os professores não tivessem se mobilizado. A sociedade paranaense deve o fim dessa aberração à greve dos professores", afirmou à RBA o deputado Tadeu Veneri (PT), líder da oposição ao governo Richa na Alep.
A greve teve adesão superior a 99% e impediu o início do ano letivo nas escolas da rede estadual de ensino do Paraná, mas a indignação da população em geral diante da postura do governo e os argumentos apresentados pelos professores fizeram com que pais, alunos e a sociedade paranaense se unissem em torno da causa dos educadores. Na semana passada, um instituto local de pesquisas apurou 90% de apoio à greve entre adultos paranaenses cientes da paralisação. Até mesmo o desembargador Luiz Mateus de Lima, apesar de ter ordenado o início imediato do ano letivo em liminar buscada pelo governo, recusou-se a declarar a greve ilegal ou abusiva.
"Nós estamos unidos nessa luta e não vamos permitir nenhum direito a menos", declarou a professora de educação física Márcia Aparecida de Oliveira, que viajou de Guarapuava para Curitiba para votar na assembleia desta segunda-feira.
"O apoio dos pais e dos alunos, assim como toda essa união entre os professores, foi possível principalmente graças à velocidade com que a informação é transmitida hoje. Em greves passadas às vezes levava dias até a informação chegar a cidades distantes. Hoje todo mundo fica sabendo quase na mesma hora, seja por celular ou pela internet", prosseguiu ela.
No decorrer da assembleia de hoje, os dirigentes da APP fizeram questão de frisar que a suspensão não significa o fim da greve. "Continuamos em estado de greve e podemos voltar a qualquer momento, caso assim decida a categoria", salientou Marlei Fernandes. "Nós confiamos na nossa luta. A desconfiança da categoria em relação ao governo permanece a mesma de antes", concluiu.
"Estamos prontos para fazer o trabalho que a gente sempre quis fazer", reforçou o professor Hermes Leão, presidente da APP Sindicato. "Nós só ficamos em greve porque o governador Beto Richa provocou a greve", afirmou ele.
"Essa greve é uma resposta dos professores à arrogância do governo, que achou que podia fazer o que bem entendesse só porque tinha ganhado a eleição", analisou por sua vez o deputado Veneri.
E esse sentimento não está restrito aos professores, nem à oposição. Reeleito há menos de seis meses com 55% dos votos e em primeiro turno, Beto Richa experimenta a avaliação negativa de sua administração, que atingiu 76% na semana passada.
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