Por Sérgio Lima Saraiva
Neste momento os professores paulistas estão em greve.
Entenda, os professores da rede pública de ensino, os professores dos pobres.
Achei importante avisar, pois há uma semana com essa greve e é como se ela não existisse para os meios de comunicação. A exceção foi a Folha que trouxe um editorial colocando que o problema da educação paulista são os professores. Irresponsáveis e relapsos tais professores. Até aqui nenhuma novidade, típica e alinhada visão de um jornal conservador a um governo igualmente conservador.Os pobres são responsáveis pela pobreza, os doentes pela doença, os desvalidos pela própria existência. No mais é silêncio.
Os professores são os mais novos integrantes da classe dos não-pessoas, existem, mas não são notados.
Neste instante o governador, via decreto, está implementando a "mais-valia" nas relações entre o estado e os professores não concursados.
Neste instante o governador, via decreto, está implementando a "mais-valia" nas relações entre o estado e os professores não concursados.
Alguns desses professores (professoras na sua maioria) estão a mais de 20 anos prestando serviços em caráter temporário. Perceba, o contra-senso da frase acima. Nesse tempo, nada ou quase nada foi investido no seu desenvolvimento profissional.
Pois bem, agora correm o risco de serem descartados como laranjas chupadas para serem substituídas por sangue fresco.
Sangue esse que será sugado até o momento de novo descarte.
A isso chama-se exploração. A isso o governo está chamando de melhoria no ensino.
Há nitidamente uma visão utilitarista da educação, típica de economistas quando administram a área. Nessa visão, a meta da educação é treinar para o mercado de trabalho.As avaliações iniciadas no período Paulo Renato (um economista) se inserem nessa linha de educação-função de mercado. A linha tradicional do que já foi um bom sistema de educação pública (do Estado de São Paulo) era muito mais ampla, a educação vista como preparação não só para o mercado de trabalho mas também para a cidadania, a educação vista como a tarefa mais alta do Estado.
No rastro dessa visão economicista destruiu-se um sistema bastante bom, bem lembrado por aqueles hoje com 60 anos que cursaram bons cursos primários e excelentes Ginásios do Estado, melhores que a maioria das escolas privadas da época. Esse nível de excelência era assegurado por disciplina, prestígio dado aos professores, boa gestão do sistema. Os salários eram melhores do que hoje mas nunca foram excepcionais. Os Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, que mantiveram uma estrutura mais tradicional, gerida por educadores, conseguiram níveis muito melhores do que SP no ultimo ENEM.
Realmente, a sucessão de maus administradores na educação paulista parece ter sido a causa principal do que hoje se vê.
fonte: blog do Nassif
Os professores não aguentam mais tamanho descaso e falta de prestígio da profissão, além de tudo são acusados por todos os males da educação. O governo como sempre se exime de todas as responsabilidades, jogando tudo na conta dos professores!
ResponderExcluirA educação pública não tem o menor valor para nossos governantes. Não é por acaso, é uma atitude deliberada com o objetivo de manter profissionais insatisfeitos com os baixos salários. Com isso, o trabalho desenvolvido, não pode ser de qualidade, porque além dos baixos salários, há também as condições inadequadas de trabalho. Obrigada pela visita em nosso blog!
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